quarta-feira, 28 de abril de 2010

um instante

Quem sabe eu consiga escrever e talvez descrever tudo o que se passa no meu cotidiano. Será que eu me conheço o suficiente para poder falar sobre mim? Talvez... Ultimamente, tenho me perdido um pouco, ou talvez perdido a ilusão do que eu me achava ser e talvez nem fosse. Estou em pré-crise com a minha pessoa e insatisfeita com o que o dia-a-dia tem me oferecido: muito pouco ou quase nada. Corri, corri e não dei muitos passos, talvez não o suficiente para me encontrar em um outro patamar, se não esse do qual tento descrever. Respiro profundamente, suspiro... Sinto o meu corpo se curvando de cansaço do trabalho. Afinal, por que trabalho tanto? Nem eu sei, pois, não sou ambiciosa com relação a valores materiais. Mas, o que é isso que me impulsiona a continuar buscando coisas que eu sei que estão me levando? Levando a minha vida e até mesmo alguns sonhos tão pequeninos, mas, de uma importância incalculável... Até minhas lágrimas não me visitam mais! E o riso? Esse se transformou em uma arrelia de mim mesma. Será isso a solidão? Será o vazio de uma existência longa e ao mesmo tempo tão fugaz? Estou à busca de mim mesma? Estou à procura de quem eu projetei ter sido? Sou o que sou, e assim, devo me dar por satisfeita e até feliz? Alguém se sente assim como eu estou me sentindo, pelo menos de vez em quando? Você que está lendo isso, você que encontrou a garrafa com a mensagem navegando na internet, boiando; abriu, leu, quer responder?

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Aquele que tenta sacudir o tronco de uma árvore sacode somente a si mesmo.
Provérbio africano

sábado, 17 de abril de 2010

Denise Carreira: Desconstruindo os argumentos contra as cotas

A Relatora Nacional pelo Direito à Educação se posiciona a favor da medida e comenta sua participação na audiência pública que discutiu as cotas no STF, este mês.



Denise Carreira é jornalista, mestre em educação pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo e Relatora Nacional pelo Direito à Educação. Hoje, é coordenadora do Programa Diversidade, Raça e Participação, da ONG Ação Educativa, que defende as cotas para negros nas universidades. A seguir, leia uma entrevista na qual Denise responde aos principais pontos expostos pelos que são contra a medida e comenta a sua participação na audiência pública realizada em março no Superior Tribunal Federal, que discutiu a questão das cotas.

1. Em sua fala no Distrito Federal, você utilizou o termo “racismo silenciado”. Acredita que o Brasil é um país racista?

O Brasil é um país racista e a consciência desse racismo vem crescendo nos últimos anos, como apontam algumas pesquisas. Isso se dá por conta do debate dessa questão, que ganhou muito espaço na última década principalmente. Acredito que é importante discutirmos o problema, para que seja desconstruído o mito da democracia racial. O mito de que o Brasil é um país mestiço e harmônico. O racismo hierarquiza grupos humanos e deprecia determinada parcela da sociedade, e ele está no imaginário e no cotidiano do brasileiro, seja de forma mais ou menos assumida.

2. A solução ideal não seria injetar mais investimento na educação superior, ou seja, mais universidades, mais vagas, mais qualidade, ao invés da solução das cotas?

O grande desafio do país é melhorar a escola pública de base. É fundamental aumentar o investimento em educação, isso é óbvio. Mas a atual conjuntura exige que se tomem medidas que funcionem a curto prazo. Não dá para esperar mais algumas décadas para igualar os negros e brancos. A nossa herança educacional é majoritariamente eurocêntrica. Não se conta a história do povo africano nas escolas, não se desenvolve a auto-estima do negro. No mais, o desempenho dos ingressantes na universidade por meio da ação das cotas está sendo positivo. Outra questão ética é a seguinte: a universidade pública é paga pelo povo. E mais de 50% da população brasileira é negra. Como explicar a baixa incidência de negros na universidade?

3. Por que o ato de reservar determinado número de vagas a uma parcela da sociedade não se caracteriza, o ato em si, como uma forma de racismo?

A experiência histórica demonstra que este tipo de medida não contribui para mais conflitos raciais. Talvez haja um caso ou outro contra. Um negro que se sinta lesado ou vítima de racismo, ou um branco que acredita que o sistema de cotas tirou sua vaga na universidade pública. Mas isso é ocasional. As cotas devem servir como instrumento para ampliar a diversidade nas universidades, respeitando e valorizando as múltiplas culturas pelas quais o Brasil é formado.

4. Por que estas medidas não desencadeiam mais manifestações discriminatórias por parte dos alunos ou da sociedade não-negra?

Essa pergunta tem a ver, novamente, com a questão dos conflitos raciais. A ação das cotas deve democratizar a sociedade, e é instrumento temporário, pois, quando a situação de desigualdade se equiparar, a tendência é acabar com essas cotas pré-definidas. As discussões em torno das cotas vêm como instrumento para qualificar o debate público. A imprensa, por exemplo, trata sobre o assunto com muito preconceito implícito. Os jornalistas deveriam trazer um embate de opiniões mais isento e qualificado, para que a sociedade possa crescer após conflitos assim.

5. A questão racial não estaria se sobrepondo a uma questão mais importante, que seria a de classe?

As pesquisas indicam que a pobreza é insuficiente para explicar nossas desigualdades. A questão racial está bem no centro dessa discussão, ou seja, é fato que há mais negros pobres do que ricos. Os indicadores demonstram que as diferenças sociais entre a população negra e não-negra está diminuindo, mas ainda há uma diferença, como nos números de analfabetismo, por exemplo. Essa desigualdade é herança, permanece historicamente.

domingo, 11 de abril de 2010

RETRATOS

RETRATOS


Quem retrata
o momento
apreende a cena
descortinada através da lente

não guarda
em outros ângulos

desfocados

não vê o sofrimento
e a alegria
dispersos em gestos

retratos não vivenciam.

(Pedro Du Bois, RETRATOS)

um olhar de passagem

um olhar  de passagem

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